
Como se pode ver, o percentual de contribuição da
indústria à produção econômica total vem declinando continuamente ao longo dos
últimos 40 anos. Se o gráfico mostrasse mais 40 anos anteriores, o mesmo
tipo de declínio seria perceptível.
Trata-se de um fenômeno mundial. Trata-se de
um fenômeno irreversível.
Há pessoas, majoritariamente economistas de cunho
intervencionista e desenvolvimentista, que reclamam desta tendência em seus
respectivos países. Seja nos EUA, seja na Europa, seja num país
latino-americano, eles acreditam que uma economia robusta e rica só é possível
se houver uma indústria cada vez maior. Ato contínuo, eles exigem que
seus governos adotem políticas de protecionismo e de incentivo à indústria (as quais simplesmente não têm como
funcionar).
Isso apenas mostra o quão ignorante eles são em
relação a essa tendência mundial. Eles não entendem que ocrescimento
econômico sempre gera um declínio na porcentagem da participação da indústria
na economia nacional.
O cerne da riqueza moderna
O cerne da riqueza não é o setor industrial; o
cerne da riqueza é o conhecimento. Mais especificamente, o
conhecimento que é aplicado com o intuito de reduzir o percentual total da
indústria na economia e de aumentar a riqueza das massas por meio dos serviços.
Esses serviços podem ser digitais ou podem ser pessoais. Mas não são
baseados na manufatura.
Um amigo meu sempre utilizava essa frase:
"Venda elétrons, e não átomos". É uma excelente frase.
Não venda pedaços de coisas; venda ideias, venda eficiência, venda
entretenimento e, acima de tudo, venda qualquer coisa que permita reduzir os
custos das matérias-primas, o custo do capital, e o custo da produção.
Corte custos, corte preços, enriqueça.
É por isso que a indústria será, cada vez mais,
equipada por máquinas totalmente controladas por programas
computacionais. Utilizar mão-de-obra humana para fazer esforços
repetitivos e puramente mecânicos é um completo desperdício de recurso e de
dinheiro. O uso de máquinas e de inteligência artificial permite que a
humanidade seja libertada do fardo do trabalho maçante e exaustivo. É
incrível que economistas, em pleno século XXI, ainda condenem as máquinas e
desejem que seres humanos façam um serviço totalmente mecânico, tedioso e, em
relação às máquinas, bem menos produtivo.
Ao longo de séculos — aliás, ao longo de milênios
—, os pais sempre se esforçaram para colocar seus filhos dentro de alguma
guilda ou para arranjar para eles alguma sinecura, de modo que eles nunca mais
teriam de fazer trabalho físico extenuante. Ironicamente, o que
praticamente todos os pais querem para seus filhos é exatamente aquilo que o
livre mercado já vem propiciando ao redor do mundo. Ainda assim, há
pessoas que reclamam do declínio percentual da participação da indústria na economia.
Esse declínio tem sido uma das maiores bênçãos do mundo moderno, mas ainda há
pessoas que honestamente acreditam que a economia de seu país está ruim
simplesmente porque a porcentagem da economia que é ocupada pela indústria está
em constante declínio.
Por algum motivo insondável, aquilo que indivíduos
querem para seus filhos é exatamente aquilo que eles lamentam estar acontecendo
na economia. Uma pessoa que quer que seu filho nunca tenha de fazer um
trabalho manual pesado, mas que em seguida reclama do declínio no número de
empregos que exigem trabalho manual pesado, é alguém que sofre de dissonância
cognitiva.
Ao redor do mundo, as nações industrializadas
terceirizaram sua base manufatureira de duas maneiras: ou transferiram suas
indústrias pesadas para países estrangeiros extremamente pobres ou adotaram
programas computacionais que não reclamam de fazer trabalho pesado (e o fazem
com extrema eficiência). Os trabalhos passaram a ser efetuados com uma
qualidade ímpar tanto por pessoas pobres em países estrangeiros quanto por
robôs que estão se tornando cada vez mais eficientes em decorrência da adoção
de melhores técnicas de produção e de melhores programações computacionais.
Em absolutamente todas as etapas desse processo
sempre surgiram luditas reclamando da substituição de mão-de-obra humana por
máquinas. O termo "sabotagem" vem de "sabot", que é
sapato em francês. Operários que estavam perdendo seus empregos para as
máquinas lhes atiravam sapatos com o intuito de danificá-las. Uma
perfeita ilustração do uso da coerção contra empreendedores e contra os
proprietários dos meios de produção.
Ao longo dos últimos 200 anos, em todos os estágios
em que as máquinas substituíram a mão-de-obra humana, houve um extraordinário
aumento na produção e na produtividade, bem como um igualmente extraordinário
aumento na riqueza per capita. Nosso mundo é completamente diferente do
mundo de 1800, e o motivo para isso está no fato de que, antes, os
trabalhadores eram munidos de poucos e ineficazes bens de capital, ao passo que
hoje eles estão munidos de uma quantidade crescente de bens de capital de
qualidade. Os trabalhadores de hoje têm a sua disposição uma maquinário
de muito melhor qualidade. Os maquinários estão cada vez mais eficazes e
eficientes, o que faz com sejam necessários cada vez menos pessoa para executar
uma determinada função com a mesma qualidade. Esses trabalhadores
substituídos por máquinas de maior qualidade vão buscar emprego em novas áreas
do setor de serviços.
Essa tem sido a história da transformação do mundo
em um lugar melhor ao longo dos últimos 200 anos. Por que, após tudo
isso, as pessoas repentinamente passaram a ficar preocupadas com o fato de que
máquinas e programas computacionais irão continuar substituindo trabalhadores em
várias áreas? Isso é exatamente o que já vem acontecendo há dois
séculos. Por que repentinamente querem parar com tudo isso?
A curva econômica exponencial
O que é diferente hoje é isso: o processo de
crescimento está se tornando exponencial. Logo, a questão agora é essa:
os arranjos sociais que prevaleceram pelos últimos 200 anos podem continuar
prevalecendo pelos próximos 200 anos? Em outras palavras, podem as
instituições sociais que foram forçadas a mudar e a se adaptar ao longo dos
últimos dois séculos sobreviver à transição a um mundo completamente distinto
durante os próximos dois séculos?
A velocidade das mudanças econômicas está se
acelerando, algo que sempre ocorre quando você lida com os últimos estágios de
uma curva exponencial. A lei de Moore e a lei de Metcalfe se combinaram
para transformar o mundo nesses últimos 40 anos. E não há nenhum sinal de
reversão. Ao contrário, as mudanças estão se acelerando. Estamos
vivenciando na prática a teoria das
mudanças aceleradas. A lei de Moore nos diz que o número de
circuitos em um chip duplica a cada ano, ou — na pior das hipóteses — a cada 18
meses. A principal consequência é o declínio nos custos da informação
digital. Já a lei de Metcalfe explica como o valor da informação é
crescente à medida que aumenta o número de participantes em um sistema de
comunicações. Pense em "máquina de Fax". Agora pense em
"Facebook".
Não é que esse processo de crescimento acelerado
seja novo. Ele já vem ocorrendo ao longo de dois séculos. O que é
novo é que já entramos na fase do crescimento exponencial. Isso irá gerar
profundas alterações em todas as relações sócio-econômicas. Como as
tradições não se alteram facilmente, haverá várias vítimas. Empresas que
não se mantiverem atualizadas com as inovações tecnológicas desaparecerão
rapidamente. O mesmo pode ser dito sobre a monstruosa burocracia que
impera nos governos dos países ocidentais. A questão é o que irá substituí-la.
Conclusão
Para mim, não há dúvidas de que o setor industrial,
como o conhecemos, será radicalmente transformado pelapopularização das impressoras 3-D.
Simplesmente não há como mudar essa realidade; não há como reverter essa
tendência. Ela irá se acelerar e gerar uma maciça descentralização.
Haverá uma era de enorme criatividade no campo da manufatura, a qual ocorrerá
em uma velocidade jamais vista. Isso será resultado da descentralização,
da informatização, e da popularização das impressoras 3-D.
Existe apenas um arranjo social que saberá como
lidar com isso: o livre mercado. Ele se baseia nos sinais emitidos pelo
sistema de preços livres, o qual é o único capaz de coordenar esforços
produtivos. O mecanismo de lucros e prejuízos, por sua vez, é o único que
sabe como compilar e
direcionar eficientemente as melhores informações disponíveis.
Nenhum comitê governamental e nenhum aparato de planejamento central poderão
competir com as perspectivas de lucros possibilitadas pela disseminação da
informação descentralizada.
Sempre estamos à procura de alguém que faça algo
por nós. Se uma máquina é capaz de substituir o trabalho humano, então
ela deve substituir o trabalho humano. O trabalho humano não deve ser
desperdiçado em tarefas repetitivas que podem ser feitas por uma máquina de
maneira igualmente eficaz e menos dispendiosa. Se algo pode ser feito por
uma máquina, por que imobilizar algo tão versátil quanto o trabalho
humano? O trabalho humano é o mais versátil de todos. Há inúmeras
coisas que as pessoas podem aprender a fazer. Já uma máquina pode fazer
bem apenas uma coisa; ela não pode fazer outra coisa fora daquilo para a qual
projetada. Seres humanos não são como máquinas. Eles podem fazer
muitas coisas.
Se você trabalha no setor industrial, então você
deve aspirar a uma posição que esteja entre uma máquina especializada e a
resolução de um problema imediato. Existem todos os tipos de problemas
imagináveis e inimagináveis nos processos de produção, o que significa que uma
máquina não irá solucioná-los. Qualquer tipo de problema tem de ser
resolvido pela mente humana, e por um ser humano equipado com uma ferramenta
capaz de resolver o problema. É a criatividade humana, em conjunto com o
uso de ferramentas, que é essencial para garantir a produção de uma
máquina. Aspire a uma posição em que você tenha constantemente de
utilizar sua mente.
O segredo para se ter uma alta renda não é possuir
uma capacidade de efetuar tarefas repetitivas. O segredo é ter uma mente
criativa. O segredo está na mente criativa que é capaz de aplicar
princípios gerais a casos específicos, e então encontrar ferramentas
especializadas com as quais implantar seu plano.
Se a sua ocupação requer que você apenas efetue
coisas repetitivas, coisas que não requerem muito raciocínio, então seria bom
você ficar esperto e começar a procurar algum setor que possua algum conjunto
de problemas que alguém com suas habilidades possa resolver. É a
capacidade de saber resolver problemas, e não a implantação de soluções
mecânicas, que gera uma renda alta. É assim que trabalhadores se tornam
líderes e patrões.
Se você tem uma profissão manual que se resume a
fazer processos repetitivos, é bom ir adquirindo outras habilidades. Se você
pensa que poderá concorrer com uma máquina para fazer processos repetitivos, é
bom repensar seu futuro. Em processos repetitivos, a máquina sempre irá
vencer. Em algum momento surgirá uma máquina que fará o trabalho melhor
do que você. E isso é ótimo para toda a humanidade. Adam Smith já
havia observado que as habilidades mecânicas e repetitivas que são necessárias
em uma divisão do trabalho não são boas para os homens.
Qualquer indivíduo que queira trabalhar no setor
industrial estará entrando em um setor cujos trabalhadores que possuírem
grandes habilidades serão cada vez mais bem pagos, porém estarão constantemente
pressionados a se manterem atualizados com as inovações tecnológicas.
Quem não conseguir manter esse ritmo será eliminado pela concorrência.
Fonte: IMB
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