Introdução
Um artista faz sua
ideia acontecer com poesia, pintura, escultura, música, etc.; um arquiteto com
uma planta de uma casa, a maquete de um prédio, etc. Enfim cada profissional
tem alguma forma de por suas ideias na prática, mas quando falamos de produtos
é necessário validar as ideias para não ter surpresas desagradáveis ao lança-lo
no mercado. Uma forma rápida e econômica de validar ideias é obtendo feedback
da apresentação de protótipos aos potenciais clientes e/ou usuários, e com isso
é possível fazer os ajustes necessários antes de fazer o desenvolvimento do
produto.
Mas a prototipagem
não é simplesmente uma forma de validar a sua ideia, é uma parte integrante no
processo de aprendizagem e inovação. É a arte de lidar com expectativas.
POR NEI GRANDO
Mas afinal, o que
é um protótipo?
A palavra
protótipo é derivada do grego, onde (Protós),
significa primeiro e (Typos),
significa tipo; mas uma tradução mais correta, seria: primeiro modelo, que está em fase de testes, estudo, ou
planejamento.
Um protótipo é uma amostra de início ou modelo
construído para testar um conceito, produto ou processo, algo para se replicar
ou aprender com. É um termo usado em uma variedade de contextos, incluindo a
semântica, design, eletrônica e programação de software.
Por que fazer um
protótipo?
Há várias razões
para se fazer um protótipo, e entre elas destaco:
- Apresentar o conceito na prática;
- Demonstrar capacidade de entrega da equipe;
- Testar e validar antes de implementar.
Veja algumas
vantagens no uso de protótipos:
- Facilitam o entendimento e o feedback dos
usuários;
- Cumprem o desejo de mostrar resultados rápidos
para o cliente;
- Tornam as discussões mais produtivas e sob
controle nas sessões com os usuários;
- Facilitam a discussão entre quem projeta e
quem vai usar, além de facilitar o entendimento entre os membros de equipes
multidisciplinares de projetos;
- Possibilitam testes de usabilidade no início
do processo de desenvolvimento;
- Incitam a experimentação por terem baixo custo
para alterar;
·
Possibilitam obter uma aprovação formal do projeto
antes de se prosseguir para o desenvolvimento.
E o que deve ser
feito antes do protótipo?
Um protótipo
geralmente está associado à ideia de solução de uma necessidade, desejo ou
problema que queremos resolver. Por isso é recomendável que antes de se pensar
na solução, é necessário que o problema esteja claro e validado junto aos
potenciais clientes e/ou usuários. E para validar o problema, recomenda-se no
mínimo uma pesquisa exploratória com potenciais clientes/usuários e outros
interessados.
Uma entrevista,
por exemplo, pode ser muito útil para validar as hipóteses do problema. (...) Ou
seja, antes de desenvolver um protótipo (de solução) é bom, no mínimo, saber se
a ideia é: Praticável tecnicamente, ou seja, funcionalmente possível; Viável
economicamente, ou seja, que se tornará parte de um modelo de negócio
sustentável; e Desejável pelo cliente.
É importante
destacar que, ao validar a solução com o uso de um protótipo, podemos obter
muito mais informação do que apenas entrevistando os usuários, pois eles nem
sempre são capazes de dizer o que sabem ou o que pensam. E quando dizem o que
fazem, nem sempre é o que realmente fazem. Isso porque muito conhecimento
prático é difícil expressar verbalmente, e, através da observação do uso de um
protótipo por uma pessoa em uma dada situação, esse conhecimento é possível ser
comunicado.
Na metodologia conhecida como Design Thinking, por
exemplo, temos um processo cognitivo que equilibra o racional
e o emocional na busca de resolver problemas com empatia e foco no cliente,
usando de exploração e experimentação. Neste processo são utilizadas
diversas técnicas durante as fases de:
Descoberta, com observação do clientes usando de empatia; Interpretação, com
síntese do levantamento e definição do objetivo; Ideação, com brainstorming (discussão
de ideias) e posteriormente a seleção com o uso de critérios apropriados;
Experimentação com prototipagem e testes junto ao cliente/usuário; Evolução com
a aprendizagem, experiência e iteração.
Tipos de protótipo
Temos diversos
tipos de necessidades e problemas a serem resolvidos em diversos tipos de
negócios, além disso, os recursos disponíveis para o desenvolvimento de
soluções variam muito. Ou seja, para cada caso, precisamos avaliar que tipo de
protótipo pode ser usado.
Estes são os tipos
de protótipos mais conhecidos:
- Caminho do Consumidor (desenho das
etapas/passos de um processo de compra; UML use case; vídeo);
- Landing Page (teste com alternativas A/B de
páginas web, para obter feedback);
- Mock-up (exemplos: esboço de telas de como a
solução funcionará – sketches ouwireframes; planta de uma casa; canvas BMGen
do modelo de negócios);
- Maquete ou modelo físico (um objeto
desenvolvido com prototipagem rápida, exemplo: impressão 3D, LEGO);
- Demo (exemplo: versão funcional de um
software, limitado ao uso ou tempo – primeira fase de um jogo);
- Piloto (protótipo para serviços, um exemplo
funcional a ser ajustado e replicado);
- Beta (protótipo mais avançado de software,
próximo a versão final de lançamento);
- Cabeça de série (o primeiro objeto físico para
ser avaliado/testado antes de ser produzido em série).
Observação: Os
termos “mock-ups”, “protótipos de baixa fidelidade”, ou “protótipos de papel”
são geralmente usados como sinônimos.
No método Lean Startup, que
trabalha iteração no refinamento sucessivo e melhoria contínua do negócio,
temos algo chamado produto mínimo viável, (MVP – Minimum Viable Product) – que também é um protótipo.
Outro exemplo de protótipos são os vários desenhos de Modelo de Negócios que
são feitos durante as fazes de aprendizagem em uma Startup, para melhorias e
até mesmo mudanças mais significativas (Pivô) em algum elemento do modelo.
Protótipos de impressão 3D
Landing Page – Web Site de Teste A/B
Sobre protótipos de software
Alguns protótipos,
que procuram fornecer a visão do todo, são conhecidos como Protótipos
Horizontais – possuem muitas funcionalidades, mas pouca ou nenhuma
implementação a serem trabalhadas futuramente, ou seja, são geralmente modelos
não funcionais.
Outros protótipos
são mais voltados ao uso, conhecidos como Protótipos Verticais – possuem
algumas poucas funcionalidades, bem implementadas, nas diversas camadas de
software, ou seja, um subconjunto da interface do usuário implementado em
profundidade. No mínimo devemos ter um esqueleto navegável.
Podemos ver um sistema completo como algo que soma
estes elementos horizontais e verticais.
Classificando processos de prototipagem
Podemos
classificar os processos de prototipagem como: exploratório, experimental, ou
evolutivo.
- Um protótipo exploratório é usado para
explorar os requisitos do sistema de acordo com os usuários, podendo ser
visto como um meio de comunicação facilitador entre o usuário e o
designer, como por exemplo, os mock-ups.
- Um protótipo experimental é o tipo de
protótipo que está mais próximo do conceito clássico de protótipo
(“primeiro de seu tipo”). É experimental no sentido em que ele é
construído para tentar determinar se o sistema planejado será adequado e
aceitável quando terminar. Protótipos experimentais podem ser usados
como especificação de requisitos. O primeiro modelo de paraquedas,
bicicleta, avião, etc. A serem usados para testes.
·
Por último, os protótipos podem ser evolutivos, o
que significa que um sistema evolui através de várias gerações de protótipos,
sucedendo uns aos outros. Assim, cada protótipo é uma versão inicial do
sistema, que é novamente trabalhada até o protótipo evoluir para um sistema
acabado. Produtos mínimos viáveis, versões de aplicativos prontos – mas
limitados em escopo, etc.
Concluindo
Este artigo é
apenas uma introdução sobre prototipagem baseado no conteúdo de uma das aulas
que ministrei no curso “Laboratório de Startups” do Centro de Inovação e
Criatividade (CIC) da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP).
Algumas informações eu extraí do capitulo 15, escrito por Felipe Matos sobre
este assunto no livro “Empreendedorismo Inovador – Como
Criar Startups de Tecnologia no Brasil”, 25 autores, Editora Évora.
Pelas minhas
experiências práticas com protótipos ao dirigir o desenvolvimento de projetos
de software posso dizer que eles foram extremamente úteis para facilitar a
comunicação e entendimento da visão, venda da ideia, esclarecimento de
conceitos, discussão sobre design, funcionalidades, navegabilidade e muito
mais.
Um caso
interessante do uso de protótipos é o da Dropbox, que criou um vídeo que
apresentava uma simulação do uso do software para investidores antes do
desenvolvimento do produto.
Este artigo foi publicado originalmente em neigrando.wordpress.com
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