Qual o caminho que um empresário deve percorrer até alcançar o investimento? A ABVCAP respondeu essa e outras dúvidas comuns a todos empresários durante o evento “Capitalização de Empresas Inovadoras via Fundo de Venture Capital”, realizado no dia 13 de maio, em conjunto com a ABDI, Anprotec e o Parque Tecnológico de Sorocaba. O encontro reuniu mais de 100 participantes, entre empresários, gestores de fundos e entidades de fomento.
“Uma das grandes dificuldades que nós observamos no estímulo ao desenvolvimento de empresas inovadoras é a integração da universidade com empresa, governo e sociedade”, apontou Ednalva de Morais, da Equipe Dirigente da Anprotec, em seu discurso de abertura do evento, deixando espaço para a seguinte discussão, entre Eduardo Garbes Cicconi, gerente de novos negócios do FIPASE, José Octávio Armani Paschoal, presidente do Instituto Inova, Sergio Marcus Barbosa, gerente executivo da ESALQTec e Eduardo Rocha, VP Executivo da Trivèlla Investimentos: “Transformação - monitoramento, aceleração e acesso ao capital empreendedor”.
Durante o painel, Cicconi explicou que o parque tecnológico do FIPASE, o Supera Parque, em Ribeirão Preto, mudou a estratégia de seleção de empresas de olho nos fundos de seed e venture capital: “Foi feito um mapeamento do que os fundos de venture capital querem em relação às empresas”.
Empresas brasileiras no radar dos fundos locais e internacionais
Na palestra seguinte, Ângela Ximenes, superintendente executiva da ABVCAP, explicou que não só os gestores locais, mas também os internacionais estão colocando as empresas brasileiras no radar. Fundos internacionais importantes estão vindo para o Brasil e se associaram à ABVCAP, como Koolen, GM Ventures e Kaszek Ventures. “É hora dos empreendedores começarem a ter foco empresarial e foco de negócio, porque esses fundos estão aqui, com dinheiro, e buscando empresas para investir”, completou a superintendente.
Por outro lado, o empreendedor também deve desmitificar a ideia de que o investidor é um cofre. Christian de Castro, consultor de empresas da ABVCAP, reforça que o empresário precisa entender que o investimento é muito mais do que dinheiro: “Ele adiciona valor a uma base já instalada para acelerar seu crescimento, participando e influenciando da gestão empresarial. Existe um choque de governança dentro da empresa. O grande processo de transformação não está no dinheiro que vai entrar, mas no aporte de conhecimento”.
Para ajudar nesse processo de encontro entre empresas e investidores, além dos eventos regionais, a ABVCAP realiza seleções de empresários para se apresentarem durante os Venture Foruns, quando podem expor suas ideias e planos de negócio a uma plateia de gestores. Dos 11 Venture Foruns já realizados, a Associação já tem colhido frutos: são mais de 400 empresas cadastradas na plataforma, 100 capacitadas e apresentadas a investidores, 42 em processo de negociação e 4 empresas investidas.
Mas o que esses investidores estão buscando?
Em um painel comandado pelo Flávio Eduardo Vieira de Barros Castelar, Diretor Executivo, Parque Tecnológico de Piracicaba, os gestores Alice Neves Thomé, relações com empreendedores da Inseed Investimentos; Francisco Jardim, sócio da SP Ventures e Reinaldo Coelho, sócio da Triaxis responderam alguns pontos considerados na análise do investimento.
Alice: “Durante a conversa até a decisão do investimento, deve ficar muito claro o comprometimento de longo prazo do empreendedor e da equipe. Nós conversamos frequentemente com empreendedores que tem um negócio interessante nas mãos, mas que estão vislumbrando um salário maior de nível de CEO de uma empresa já estabelecida. A remuneração precisa vislumbrar o desenvolvimento de longo prazo”.
Francisco: “O mercado tem que ser economicamente relevante e a cadeia de valor. Se a tecnologia fere players muito estabelecidos que conseguem barrar a entrada do produto no mercado, normalmente essa é a conduta da nossa análise”.
Reinaldo: “Equipe às vezes é metade do negócio. Uma boa equipe boa pode pegar um projeto não tão sensacional e fazer um ajuste no modelo de negócio, descobrir um novo mercado, lançar um novo produto. Em outras palavras, ela pode se reinventar”.
Do outro lado, os empresários Jarbas Caiado, presidente do Conselho de Administração da Opto Eletrônica; investida pela Trivèlla Investimentos, e Márcio Veríssimo presidente da Lead, que assessora a empresa MZ, investida do Jardim Botânico Partners, contaram aos empresários porque buscaram a parceria de um fundo. “Nós já tínhamos 85% do mercado quando nos tornamos uma empresa investida do JB. Essa é justamente a razão pela qual nós começamos a buscar um fundo de investimento: tínhamos planos de expansão para outros segmentos, porque com essa parcela do mercado já não tínhamos muito para onde crescer”, explicou o presidente da Lead.
No caso da Opto Eletrônica, o CEO explica que a empresa buscou um investidor quando percebeu que o seu crescimento precisava ir além do capital da Opto. Foi quando a Trivèlla Investimentos realizou um aporte na empresa, adquirindo 10% do capital da companhia.
E minha apresentação? Se fecharmos o acordo, como é o processo?
Muitas vezes o empresário tem pouco tempo para apresentar seu negócio. No caso dos Fóruns de Investimento, por exemplo, a empresa tem cerca de 5 a 10 minutos para chamar atenção para o seu projeto. Joni Galvão, sócio-fundador da The Plot Company e cofundador da Soap de 2003 a 2013, possui uma experiência consistente nesse sentido e explicou aos participantes que muitas vezes as apresentações são feitas com muitos gráficos, que inclusive são difíceis de ler. Segundo ele, para se convencer alguém é preciso mexer na emoção dessa pessoa. Outro detalhe que Galvão apontou foi a dificuldade de os empresários falarem das fraquezas.
“Falem de suas fraquezas, dos pontos fracos do projeto. Conhecendo essas dificuldades você vai saber combate-los", orientou Galvão.
Agradou o investidor? Despertou o interesse? E agora? Como funcionam os acordos legais? Rodrigo Menezes, coordenador do Comitê de Empreendedorismo, Inovação, Capital Semente e Venture Capital da ABVCAP e sócio da Derraik&Menezes Advogados, explicou aos presentes os principais acordos que o empresário irá se deparar no processo de investimento. No começo da conversa com o investidor, Menezes conta que é assinado um Term Sheet ou contrato de intenções, que é um documento onde ficam expostas as condições do investimento.
“É o período de exclusividade em que empreendedor e investidor vão decidir se vão prosseguir com o investimento”, explica Rodrigo. Passado o começo da conversa e ambas partes estão de acordo com o investimento, é hora de arrumar a casa para receber o aporte, o chamado processo de due dilligence. De acordo com Harley Rodrigues, sócio-diretor da área de Transaction Services da KPMG, o processo é um precaução que todos os investidores deveriam fazer ao adquirir uma empresa. Ele também explicou que não se trata de uma auditoria. “Na auditoria você apresenta praticamente as demonstrações financeiras. Já o relatório de diligência você tem a participação do presidente, dos diretores e dos empregados, com resumo da participação da empresa que será investida, os ajustes e os anexos”.
Fonte: ABVCAP